terça-feira, 11 de outubro de 2022

Estou tendo síncopes. Sintomas de uma congestão física. Uma erupção iminente me apavora, tudo à minha volta está envolto de névoa e impede minha visão completa! Tento conciliar minha realidade, aceitar meus desatinos. Nem sempre tão gentil comigo, açoito minha pele através da desordem. Crepitam os badalados de um som passado, inaudível àqueles que passam por aqui desapercebidos. É necessário apreciar os caminhos,  não deixar o bradar das plantas e coisas esmaecerem nas margens. Olho para os lados, mas nem sempre enxergo algo! Ah, como ocorre-me o desespero ao pensar que talvez eu não pense. As agulhas da memória tangenciam os segundos do agora, que sempre entre meus dedos se escapam. Não alcanço o imediato instante, minha mente flutua entre os tempos e compassos. Aqui? O que é? Ouço meus próprios chamados, é preciso afixar minhas pernas na terra quente, ainda há tempo para mim. Me abraço em esperanças, em fragrâncias de possibilidades múltiplas que a vida me oferta. Sim! 

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

 Não tenho obtido sucesso em coisas simples que me propus. Isso me é dolorido. Não consigo dispor da dedicação necessária aos meus objetivos. Amanhã será um novo dia, início de um novo mês. Espero, então, mudar o que me afoga tão ardentemente. Serei eterna? Serei capaz? Assim aguardo, uma luz por trás das minhas mundanas ansiedades. Colocarei um ponto final no que me alastra em demoras. Serei uma nova versão, a que tanto almejo e anseio durante o presente. O instante é o agora, mudarei, serei completa. Íntegra, maior e transcendente. Para mim, o que me translada são meus demônios e silêncios. Não sei correr do que me logo me alcança. Me entrego ao inevitável. Alterarei minha sina, minha covarde intentativas. Serei. Sou. Sim.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Preciso aprender a controlar o Tempo. Não sou capaz de dividir minhas tarefas, minhas leituras e minha escrita. Ao par que passo a escrever durante meu momento de serviço. Hoje não comprei frutas, assim meu estômago irá doer de fome. Até nas pequenas coisas me descuido. Seria reflexo da falta de amor que tenho para comigo?

terça-feira, 20 de setembro de 2022

   a gente é bonito assim danificado

a vida rasga um pouquinho da gente e parece que viver é se fragmentar, se perder um pouco em cada coisa que vai
e a gente é lindo. lindo assim sobrevivente


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Levanto cedo, tateando meus lençóis em busca do teu corpo
denso amaciando nossa roupa de cama, mas não te encontro.

Há muito não sei o que é sentir teu calor.

Recordo os dias apressados, em que vivemos a continuidade
do nosso amor das formas mais subitâneas e desesperadas.

Os dias límpidos, transparentes e nuançados,
nos abraçavam e nos entregavam
o que há de maior das subterrâneas entranhas
da vida bem vivida.

Eu sinto falta e choro em impulsos
morfológicos essas faltas.

Minhas lágrimas agora mancham
os estofos do colchão
que deveriam ser preenchidos
pela sua presença, mas não.

Há tempos me habito unicamente com seu
desaparecimento gradual.

As tardes de inverno em que guardei tuas estruturas no meu colo foram, até hoje, as mais bem-postas das mesas de café. Me satisfiz de ti e assim pude sentir o que tantos nomeiam de prazer. Há algo estranho no ar, algo fúnebre reside na atmosfera desde que você partiu. Meus finos lamentos não são dignos, minha autopunição rege os artefatos do cotidiano agora, corroendo meu corpo em dores díspares que não se desintegram pelas minhas células, mas multiplicam-se como algo cancerígeno que se alimenta da minha vitalidade. Teço mentiras à mim, tentando encontrar refúgios em qualquer local que me aceite como moradora, que me rasgue e me retire de perto do meu sofrimento infantil, despreparado para lidar com partidas e rupturas. No auge da minha vida adulta me encontro revestida de fraquezas ao te encontrar cravada em tudo que me compõe. Você partiu, mas abandonou vestígios de estadia em todos meus aposentos! Ah. Logo que levanto enxergo teus sinais pelo meu quarto abandonado e rememoro o que existiu ali entre nós. Os sons silenciados pelos nossos apreços, toques e carícias. Vê? Como posso ter perdido tudo que delicadamente construí? Passei meus longos anos buscando o que encontrei em ti e me alimentei furiosa das tuas essências e longitudes. De ti tudo quis e me bastei, nada mais se tornava relevante diante da tua imensidão. Fui conquistada em cada beirada e cada tempo era o tempo perfeito, ideal e perpétuo. Congelada pelo vício no teu sorriso, nenhuma outra imagem me atormentava quando repousava meus olhos antes de me entregar ao sono, à esperança de te ter só para mim. Quis cobrir tuas cicatrizes, ser teu ponto de apoio e vigor, me tornar tua família, teu lar de aguardo e fé. Eu me supria dos reflexos contidos nos teus olhos ao me ver, os brilhos de alguém verdadeiramente apaixonada.

Onde tudo se perdeu?
Onde te deixei escapar?
Ir?
Sem respostas,
me encontro no breu de lâminas e dor.

Não sei mais o que fazer com minhas mãos sem ter as tuas como sustento. Dias de miséria me rodeiam desde que passei a não ter mais você avivando meus segundos. Nossos ornamentos, nosso corpo em união. Não esqueço, não esqueço as falas e questões. Seu jeito particular de me adentrar, me possuir. Me abasteço das lembranças, meu subterfúgio das garras do cruel destino. Agora você está escapando, tentando fugir de mim. Não compreendo minhas falhas e julgo sim ter falhado, ter - de tal modo - feito você crer que eu não estava aqui tanto quanto sempre estive. Não movi um músculo em direção qualquer, exceto à sua. Estive disposta a tudo por nós, por tanto. Não somos pouco, mas tudo que sempre continuamente busquei. A cada esquina dos bairros, ávida arquitetei seu semblante e, ao te encontrar, sinto que também encontrei parte de mim perdida. Parte que te pertence, está enraizada em ti. Assim concluo o inevitável, sem você não há eu.

Meu amor,
eu te peço para voltar,
eu te peço para ficar.
Não vá.

sábado, 17 de setembro de 2022

Pensei que jamais amaria da forma que hoje amo, idealizando a possibilidade de tais sentimentos apenas existirem em filmes e livros de forma exacerbada. Tantas vezes me enganei, forjando palpitares no peito para, quem sabe, usufruir uma fração do que sempre almejei encontrar. Finalmente estou onde pensei que jamais estaria e, estando, não sei o que fazer com meu corpo corrompido pela dor de um coração pequeno que não comporta tanto. Preciso gritar ao mundo, rasgar minhas vestes e me prostrar nua em frente à ela, devotando tudo que possuo, tudo que posso miudamente oferecer. Me julgo diminuta, incapaz de ofertar de volta a grandiosidade do que reside no meu peito. Camuflo tais fragilidades, tento não me permitir ser incapaz, quem sabe demonstrar pequenas parcelas pouco a pouco, juntas formando algo maior e merecido. Em tantos endereços esbarrei em histórias e personas, esmiucei a paixão ao largo, vivi intensamente o que poderia ter sido vivido dentro das minhas precárias vozes internas. Elas me diziam o que deveria ser feito e o fiz, me entreguei ao invisível, pois todos aqueles que disse amar, verdadeiramente não amei em completude, não vivenciei a concretude. Hoje é palpável dentro de mim, como se pudesse carregar em mãos esse gritante, traiçoeiro e muito honesto amor. Digo tais palavras pois me sinto desafiada pelo que pulsa em minhas veias, como morangos que a cada momento podem estragar. Cuido como se fossem bibelôs, os mais belos presentes já recebidos. Não há adornos e ornamentos que se sobrepõem ao que ela me deu ao adentrar meus dias. Hoje enxergo o passado como algo sem cor, todas as minhas antigas linhas gritam desesperadas que eu não estava lá! Veja! Eu corria contra o próprio tempo, implorando com sede pelo dia em que a receberia em minha residência. Disse à ela: quero ser teu lar. Sabe o que isso significa? Para mim é tudo de mais belo que posso retribuir. Ao me entregar o amor, ao despertar em mim o que sempre sonhei, ela me salvou. Mostrou à mim que sou sim capaz de ir contra a maré da desilusão. Tantas linhas minhas devotadas ao imaginário, é tão estranho viver finalmente. Me sinto viva. Apesar de muito fragilidade pelos acasos dos erros cometidos, não me desanimo. Sigo firme agarrada nas pontas desses lençóis do amor, encarando o que há de mais profundo e assustador nas águas do que ainda é desconhecido por mim. Nunca mergulhei, apenas banhei meus dedos precários nas ondas imprevisíveis, hoje sei. O oceano é tão vasto, tão cheio de possibilidades. Posso me dizer pronta, estou pronta! E meu corpo se dissolve em saliva e seiva, prontos para serem bebidos por ela. Quero ser consumida por completo, conhecida como ninguém jamais conheceu. Descoberta, entregue, ofertada como mimos. É tudo que tenho e minha imaginação voa longe, como se não precisássemos viajar para conhecer tudo que existe. Cada instante é o instante perfeito, cada vírgula pronunciada anuncia que o hoje jamais irá embora. Enquanto estivermos, enquanto formos, enquanto eu puder ser sua, tudo terei em mãos. 


Pensei tanto com o passar dos anos, agora essas peças se encaixam. Estava me construindo para ser perfeitamente encaixada no seu corpo. Não há palavras no meu vocabulário para narrar suas feições, seu sorriso, seus olhos, seu corpo completo. Pareço uma boba ao falar e devidamente devo ser, mas a paixão violenta, o amor tão puro - embora marcado - me fazem vê-la como a mulher mais bonita que já conheci. É única, meu presente dos Céus. Sei que sim, pedi tanto. Implorei de joelhos, chorei e me estraguei de diversas formas por não me compadecer aos demais que viviam o que invejava viver. Sinto medo também, não sei se é recorrente da possibilidade de perdê-la, mas sinto saudades a cada instante. Me sinto pronta para devotar meus segundos, constituir uma vida ao seu lado. Quem sabe o que o futuro nos reserva? Já li essa frase antes, me parecia tão tola. Agora entendo o idioma dos amantes. Admito também que fomos errantes, equivocadas fugimos daquilo que não há escapatória, as garras afiadas do Destino faz com que sejamos como ímãs que se atraem e grudam, quando digo que a amo, minha boca solta a própria língua e eu me desfaço, como se precisasse repetir centenas, milhares! de vezes que a amo, a amo, a amo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Nunca imaginei que isso ocorreria, não planejei nem um milímetro dessa jornada dolorosa. Não calcular meus passos e não ouvir minha intuição foram um dos piores erros já cometidos por mim. Creio que jamais serei a mesma após essa evolução de acontecimentos drásticos. Minhas palavras e linhas simples me acometem. Muitos pensamentos ruins percorrem minha mente nesse instante. Pensei ter sido salva dos meus próprios sintomas e demônios, mas eles me alcançaram novamente. Envolta nas teias do destino cruel e faminto, busco agora a mesma salvação que tanto demorei para construir. Não digo tais coisas sem a esperança contínua de encontrar um ponto de paz, mas sim cansada demais para me reerguer com a rapidez necessária. Mais uma vez me encontro insone, incapaz de ter um momento de descanso para meu corpo agora mutilado. Rogo pragas silenciosamente aos que me feriram, indo contra meus princípios. Não consigo ser delicada em meus desejos, apenas pretenciosa dentro da minha fúria. Penso que sou atormentada por uma injustiça fatal, a escolhida entre tantos para o sofrimento contínuo. Não ouvi o que meu espírito me alertava, não dei ouvidos ao que estava cravado dentro de mim. Padeço por ter me calado perante o óbvio, o incontestável desejo das garras da crueldade alheia. Todos são tão egoístas, vivendo com suas máscaras de falsas verdades. Perdi minha doçura, minha amabilidade tão minha. Passei anos, anos! Tentando inutilmente melhorar. Retrocedi, me encontro no mesmo ponto de partida que outrora me assustou. De novo precisando dar os primeiros passos para algo que talvez não exista conserto. Minha própria alma hora histérica e outra taciturna. Vago entre esses dois humores, fragilizada e exposta à dor. 

Amanhã é um novo dia, levanto cedo - embora não durma - tentarei passar um café para minhas visitas internas, malditos! Estão aqui dentro, alimentando-se da minha vitalidade. Procurarei ajuda, a última chance que enxergo agora. Será que há mais pessoas como eu? Será que terei companhia nessa estrada? Questiono-me sem respostas, mas como sempre digo, sempre há tempo para aqueles que não se conformam com facilidade. 

segunda-feira, 05 de setembro de 2022

Preciso reorganizar minha vida. Minha cabeça dói, meus pensamentos parecem pedaço de concreto pesando minha organização.