quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Eu nasci para amar, nasci para abraçar a multiplicidade. Não nasci para muito, mas o muito me pertence. Sou simples dentro da complexidade. Falar sobre minha gradual levitação me custa. Queria ser maior, muitos desejos me cabem embaixo da língua. O paladar é amargo e eu parto só na jornada dos dias, mas jamais abandonada pelas mãos do Destino. Hoje pensei sobre formigas e pequenos animais, às vezes desejo a pequenez desses seres adoráveis. Lembro do dia em que estava engasgada, observando as ondas banharem um pequeno pedaço de vegetação. Musgos? Não sei dizer. Refleti sobre a natureza estática e me aborreci por ter nascido tão humana, tão deformada. Percebo que há em mim um desejo sem nome, não distingo minhas verdades. Apenas sei que nasci para amar todas as coisas, conflitante! Me questiono se me dou conta da minha própria perplexidade, minha irracionalidade constante. Em vez de guardar para mim, grito ao mundo. Porém não sou lida, estou certa disso. A vida corre tão depressa, os últimos anos se esvaziaram entre meus dedos sem que eu pudesse perceber, mas continuamente mudei no mesmo compasso. Tanto aprendi, tanto me permiti ser mutável. A vida corre tão depressa, como uma peça trágica. Há em mim multidões confusas, quantas sou? Quantas me fui e me tornarei? 

Fiz um acordo comigo mesma que constitui-se em me cuidar mais, amanhã me amarei como nunca antes me amei! Ansiosa pelas mudanças, teço-me em anedotas. A vida corre tão depressa e eu adiantarei meus passos. Certa, confiante e muito intuitiva.