segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Nunca imaginei que isso ocorreria, não planejei nem um milímetro dessa jornada dolorosa. Não calcular meus passos e não ouvir minha intuição foram um dos piores erros já cometidos por mim. Creio que jamais serei a mesma após essa evolução de acontecimentos drásticos. Minhas palavras e linhas simples me acometem. Muitos pensamentos ruins percorrem minha mente nesse instante. Pensei ter sido salva dos meus próprios sintomas e demônios, mas eles me alcançaram novamente. Envolta nas teias do destino cruel e faminto, busco agora a mesma salvação que tanto demorei para construir. Não digo tais coisas sem a esperança contínua de encontrar um ponto de paz, mas sim cansada demais para me reerguer com a rapidez necessária. Mais uma vez me encontro insone, incapaz de ter um momento de descanso para meu corpo agora mutilado. Rogo pragas silenciosamente aos que me feriram, indo contra meus princípios. Não consigo ser delicada em meus desejos, apenas pretenciosa dentro da minha fúria. Penso que sou atormentada por uma injustiça fatal, a escolhida entre tantos para o sofrimento contínuo. Não ouvi o que meu espírito me alertava, não dei ouvidos ao que estava cravado dentro de mim. Padeço por ter me calado perante o óbvio, o incontestável desejo das garras da crueldade alheia. Todos são tão egoístas, vivendo com suas máscaras de falsas verdades. Perdi minha doçura, minha amabilidade tão minha. Passei anos, anos! Tentando inutilmente melhorar. Retrocedi, me encontro no mesmo ponto de partida que outrora me assustou. De novo precisando dar os primeiros passos para algo que talvez não exista conserto. Minha própria alma hora histérica e outra taciturna. Vago entre esses dois humores, fragilizada e exposta à dor. 

Amanhã é um novo dia, levanto cedo - embora não durma - tentarei passar um café para minhas visitas internas, malditos! Estão aqui dentro, alimentando-se da minha vitalidade. Procurarei ajuda, a última chance que enxergo agora. Será que há mais pessoas como eu? Será que terei companhia nessa estrada? Questiono-me sem respostas, mas como sempre digo, sempre há tempo para aqueles que não se conformam com facilidade.